quarta-feira, março 12, 2008

Quem vai querer comprar bananas?


Olá pessoal!

Li agorinha mesmo uma notícia que dizia que a Polícia Federal de Fortaleza anda barrando alguns espanhóis que não tenham uma quantia em dinheiro vivo, endereço comprovado, algum pacote turístico previamente contratado e/ou motivo forte para entrar no Brasil. E o melhor é que fazem tudo isso com pouca delicadeza e em português - ou seja - quem não fala nosso idioma fica perdido e não entende muito bem a situação, o que deve causar certo receio e até medo por parte do estrangeiro.

Claro que essa nova postura não vai ajudar muito no combate ao turismo sexual praticado em todo o litoral brasileiro em especial no Nordeste, mas mesmo assim não deixa de ser uma satisfação aos brasileiros tão mal recebidos na Europa e em especial na Espanha.
Porém a questão que mais me choca, além de terem dispensado tratamento tão ultrajante à estudante da USP, é o fato de que só agora quando a filha da classe média sofre preconceito é que a mídia assume essa denúncia e o Itamaraty resolve mexer o seu traseiro elitista e cobrar alguma desculpa. Sim, porque enquanto tínhamos apenas moças e moços pobres que saem daqui para trabalhar em subempregos e se prostituir forçadamente ou até mesmo por vontade própria por todo o velho continente e em especial na Espanha, em Ibiza, ninguém se atentava ao problema. A Globo mesmo, através do Alexandre Garcia com carinha de preocupado, dizia que os Órgãos Diplomáticos Brasileiros não estavam mais agüentando o número de chamadas de cidadãos enrascados com tráfico de drogas, prostituição, roubos e situação ilegal no exterior e que, com isso, podem não ter dado a devida atenção à estudante, uma vez que estavam mesmo negligenciando as tarefas normais e burocráticas para a qual são destinados.
Agora eu pergunto o quê deve ser mais importante para um diplomata brasileiro do que a situação de seus conterrâneos no país que o mesmo está em missão? Que grandes acordos comerciais ou políticos extremamente benéficos para o Brasil eles estavam tramando que não podiam designar alguém para a Alfândega socorrer uma pesquisadora em apuros com a truculência ignorante de um meganha de aeroporto?

Para mim isso cheira a descaso dos grandes e se tivéssemos um governo mais sério e um corpo diplomático ciente de sua verdadeira função essa moça não teria passado nem uma hora sequer no borralho destinado aos latinos em geral.
Enquanto estivermos com a "bunda exposta na janela" para passarem a mão, não seremos nada mais do que bananas podres e sucesso no estrangeiro não será mais Carmem Miranda, mas as prostitutas e os michês gostosos e explorados do balneário. A realidade é que não passamos de exportadores de "carne" para saciar o apetite sexual de nossas antigas metrópoles. Foram-se as matérias-primas, os ouros e pratas e agora começam a ir o fruto de toda a miséria gerada por séculos de exploração.

Apenas uma coisa não muda nesse filme pornô, clichê e grotesco: o fodido e o fodedor.

Abraços do Lucas, o mais Franco.

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