quinta-feira, maio 01, 2008

Viver... só me faltava mais essa!


Olá pessoal!

Hoje estava pensando em como as pessoas extrapolam o bom senso ao se verem na difícil tarefa de conviver em grupo. A impressão que eu tenho é a de que vai chegar um momento em que todos terão que tomar um remédio qualquer para conseguirem, ao menos dopadas, dividir espaço, atenção, coisas e mais o que tenha que ser compartilhado. Como é duro! E eu já quero o meu remédio logo.

Bem, estava no ônibus que me trouxe de São Paulo para Penápolis quando me deparo com uma passageira ao meu lado muito espaçosa e que, dormindo e roncando, jogava seu corpo para o meu lado e me acordava com o inesperado contato (isso porque eu é que estava acomodado no corredor). Lá pelas três horas da manhã e já não tão cavalheiro assim me dirigi a ela cutucando-a:

Eu: Moça, moça!


Ela (acordando atônita): Oi!


Eu (muito direto): Você ronca e joga seu corpo para o meu lado e com isso não consigo dormir.


Ela fez uma cara de surpresa.


Eu (extremamente didático): Pois é... o fato é que seu ronco pode ser uma anomalia do sono e para isso cabe um médico, mas seu corpo em cima do meu é um problema de fácil solução. Basta que você jogue seu corpo para o lado da janela e aí eu posso tentar ignorar seu ronco e tentar também dormir.


Ela (muito sem graça): Ah, tá! Vou tentar.


Eu (ainda amigável): Sim, e vai conseguir! Qualquer coisa eu te acordo e vamos os dois olhando um pra cara do outro até o final da viagem. Acordados!


Ela (agora mais confiante): Não precisa! Vou conseguir.


Eu (agora querendo rir): Eu sei que vai!

Claro que você, caríssimo e escasso leitor, pode achar minha atitude exagerada, mas o fato é que a Senhorita veio deste momento até Penápolis sem nem encostar mais em mim e eu pude exercitar o meu direito de poder dormir numa viagem de sete horas pela madrugada fria e úmida que fazia. E é aí que me pergunto o porquê dela não ter esse cuidado antes de alguém criar um clima desagradável como foi o caso. Será assim tão difícil entender que dentro de um ônibus a gente não pode se sentir na poltrona da sala de nossa casa e ficar tão à vontade? Eu sinceramente não entendo o porquê desta falta de protocolo das pessoas e, falando bem francamente, nem quero.

Outro caso desta natureza é a sala de aula. Eu abomino essa gente que vai pra aula copiar resuminho de lousa sem ter lido a matéria previamente e o fato é que NUNCA em toda a minha vida tive cadernos completos e resumos porque sempre gostei mais de questionar e debater do que de copiar. Confesso que sempre tive um certo desprezo por aluno que não abre a boca e não participa, mas pior do que esse é aquele que não quer que a aula seja debatida porque prefere o conteúdo mastigado. Isso é o final dos tempos! Fogueira para eles! Semana passada entrei numa briga por causa disso numa aula sobre como a tecnologia influenciou as mudanças das artes plásticas. Para ficar mais fácil de entender, vai uns exemplos: Como foi o impacto do surgimento da fotografia na produção plástica de sua época? Ou ainda qual o impacto do surgimento do trem e da Revolução Industrial na produção de sua época? Enfim, tema interessantíssimo com professora imperdível e aí vai o que ocorreu por causa de um idiota fruto do processo de analfabetização do Brasil (esse sim um projeto levado a sério neste país):

Professora: Quando vemos Van Gogh enlouquecido para tentar entender a arte do Monet criando um novo estilo...


Aluno (interrompendo): Professora, mas essa aula vai cair na prova ou não?


Eu (não agüentando): Fique tranqüilo que você não vai conseguir entender caindo ou não na prova. Eu hein!


Professora (com um sorriso de canto de boca): Gente, não se preocupem com a avaliação agora que vou dizer o que quero logo mais.


Aluna (do mesmo naipe): Mas... você vai deixar o material na xérox, né?


Eu (só para atrapalhar): Professora, volte ao Van Gogh porque eu quero ter aula. Depois essa gente se bate disputando fila na xérox e quem sabe eles não se matam. Já pensou?

Nem preciso dizer que virou um tumulto só e que a professora, que me adora e é sarcástica, riu sem nem tentar disfarçar.


Outra coisa que não consigo compreender é a questão das filas para gestantes, idosos e deficientes (que acho mais do que justo) ser tão banalizada. Estava eu numa agência do Banco Real da Alameda Santos quando chega uma moça obesa com seus vinte e poucos anos e pega a senha preferencial ao invés da senha normal. Todos que estavam sentados esperando muito porque a agência estava cheia se entreolharam pensando o mesmo que eu, ou seja, o que tem essa moça além de uns quilos a mais. Juro que desta vez pensei que não iria me indispor, mas ocorreu que bem na hora de me chamar vi que a senha dela passou na minha frente no sistema e fui junto com ela:


Eu: Moça, qual é a sua? Porque você não está com barriga de grávida, não é deficiente e muito menos idosa.


Ela (muito cara-de-pau): Eu estou grávida, sim!


Eu (bem incisivo): Ah, não está não! Você está obesa e isso é bem diferente! Acontece que tem muita gente esperando e ninguém está disposto a cair no seu truque. Bem, eu pelo menos não vou!


Ela (chocada): Estou grávida sim!


Eu: E onde está o seu exame? Quero vê-lo agora! Vocês não querem?


Quando olhei o caixa estava rindo disfarçadamente e logo veio outro funcionário para continuar com a fila e eu fui atendido ao mesmo tempo que a falsa gestante. E não sintam dó porque eu sei o que é uma barriga de grávida e a dela não era!


Eu poderia ficar aqui escrevendo por horas situações deste tipo, mas acho que já me cansei de mim, de você e de tudo isso e hoje vou ficar por aqui. A minha única pergunta é: Por quê a convivência social está ficando tão difícil? Parece até que está tudo em suspensão e que não há mais parâmetros. Como pode?

Abraços do Lucas, o mais Franco.

2 comentários:

mãe da Nina disse...

ai, q emoção... A indignação está de volta junto com sua metralhadora giratória q não poupa ninguem. ui ui ui A-DO-RO!!!!! Finalmente, alguém q fica indignado com eu... E viva a volta das palavras implacáveis!!!!!

Marina Sathler disse...

Adoramos !!! E o público pede biisss !!
Mais de indignação, por favor ?! eu, todos os dias de manhã, penso em crônicas durante a viagem do metrô, e são tantas e tamanhas, que passaria o resto do dia com a metralhadora giratória, e o resto da vida hehe
beijos