quarta-feira, março 25, 2009

Descarados!




Olá Pessoal!

Antes de qualquer coisa gostaria de deixar muito claro que em nenhum momento sou contra as mulheres comprometidas que levam para intimidade de suas relações heterossexuais outras mulheres porque vejo com muita naturalidade o bissexualismo e ao contrário de muita gente acredito que ele existe e está se perpetuando cada dia mais devido à nossa cultura ao mesmo tempo homofóbica e homoerótica. Porém o que vem me chamando muita atenção nos últimos tempos é o fato de que o lesbianismo, que sempre foi uma fantasia do universo heterossexual masculino, passou a ser muito incentivado e até mesmo cobrado como um direito dos homens.

Outro dia estava conversando com um amigo sobre um grupo específico.

Ele: Essas garotas são todas muito reprimidas! Elas acham um absurdo transar com uma mulher e comigo ao mesmo tempo.
Eu: E você, acharia um absurdo se uma delas – a mais gostosa – pedisse que você a dividisse com outro rapaz? Mas dividir mesmo! Beijar a três, por exemplo, e isso sendo só o início?
Ele: Claro! Isso seria um absurdo! Eu não sou gay.
Eu: E por que ela deve ser lésbica pra você?
Ele: Ah! Mas é diferente porque eu estaria ali para as duas.
Eu: Isso é um completo absurdo! Se ela pra ser contemporânea e libertária deve transar com outra mulher junto a você, você não pode achar um absurdo se algum dia ela pedir que você aceite um terceiro elemento masculino na relação de vocês.
Ele: Eu não sou veado, não sou!

Bem, o resto da conversa seria impróprio e nada ilustrativo. O que me fez escrever foi esse tipo de pensamento que, acreditem, está cristalizado na cabeça de vários homens por aí e isso encontra incentivos em todos os produtos de entretenimento dos mais diferentes veículos. Se você for assistir um filme pornográfico todos eles, sem exceção, são pensados para satisfazer os homens mesmo nas cenas de lesbianismo e digo isso porque já perguntei pra várias lésbicas se elas se excitam vendo e todas são categóricas na negativa porque não tem nada nem próximo do que seria uma relação mulher com mulher. Porém há agora o “The L Word” que passa na Warner e todas dizem que pela primeira vez viram algo erótico e lésbico. Eu também já assisti e mesmo ciente de que embora seja glamourizado demais (trata-se de um grupo de lésbicas lindíssimas, chiques e muito sedutoras que moram em casas com piscina estilo quadro do Edward Hopper em Los Angeles) e achei que mesmo sendo pensado pra agradar o universo lésbico chique (já que passa em canal pago) ainda assim é projetado pra fisgar também o universo masculino. Porém o ponto positivo é que elas se pegam mesmo e não ficam naquelas ceninhas de beijo no escuro e “apague a luz e deixe entendido que vamos transar”.

Outra ponto que te me chamado a atenção são os seriados juvenis. Em todos eles existem casais gays – femininos ou masculinos – mas quando o casal é de lésbicas há sempre beijos quentes e cenas de cama, já quando são masculinos as cenas são sempre mais tranqüilas e ficam no subentendido, ou seja, mais uma vez o foco do erotismo é o homem e isso é, para mim, muito estranho porque sempre achei que o erótico fosse algo mais feminino e que a pornografia fosse mais masculina, mas pensando bem o mundo é dos homens heterossexuais que criaram os pilares de nossa sociedade cristã ocidental e nesse universo as mulheres devem servir, os gays devem se esconder e os homens “machos” devem se servir e se dar o direito ao deleite. Por isso, meninas, quando algum menino pedir que você leve ou aceite alguma mocinha na sua cama, só o façam se isso te excitar e deixe claro que só aceitou porque você quis. Caso contrário continuaremos a ter mulheres exploradas de todas as maneiras, inclusive e principalmente sexualmente.
Lutem pelo direito de não serem prostitutas! E claro: pelo de poderem ser, se assim quiserem.

Abraços do Lucas, o mais Franco.

2 comentários:

Thalita disse...

Garoto genial,
quando vi o que você escreveu, algumas cenas me vieram à memória. Umas eu vi no filme canadense C.R.A.Z.Y., de Jean-Marc Vallée, lindo filme por sinal. Umas no seriado francês Clara Sheller, outra produção que a meu ver abordou o homossexualismo masculino com muito realismo e encantadora sensibilidade. Principalmente porque as cenas têm beleza e romantismo, e não nudez gratuita. Dá uma olhadinha nessas: http://www.youtube.com/watch?v=kHkHja-Q81g
Realmente o lesbianismo na mídia hoje está mais pra uma tara masculina do que pra uma opção sexual feminina. Isso é feio e você tem toda a razão em denunciar. Bom, vou parar por aqui, mas se a gente estivesse numa mesa de bar essa conversa ia render...
Adorei teu blog!
Beijos muitos!
Thalita

Lucas Franco disse...

Tem alguns filmes que tratam do tema com delicadeza e sensibilidade, com certeza. Porém, não é a regra e sim a execessão. Uma pena!